Alexandre Schwarzbold

Acidente Vascular Cerebral (AVC): problema de saúde pública

Provavelmente você que lê esta coluna já teve algum familiar ou pessoa próxima que foi vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). No ano de 2020, dados do SIM – Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde – mostraram quase 100 mil mortes por AVC no Brasil, como comparação, no mesmo período, o infarto agudo do miocárdio teve cerca de 110 mil óbitos no mesmo ano.


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Até meados da década de 2010-2015 o AVC era a primeira causa de morte no nosso país, passou agora ao segundo lugar, mas as estimativas é que possa aumentar até 50% até 2050. Estima-se que, na população brasileira, a incidência seja de cerca de 300 mil novos casos/por ano, ou cerca de mil novos casos/dia, ou praticamente um caso de AVC a cada 2 minutos!


Vários fatores contribuem para a elevada carga do AVC em todo o mundo: hipertensão não diagnosticada e descontrolada, obesidade, diabetes, carência de serviços de saúde especializados, pouco ou nenhum investimento em prevenção e hábitos de vida prejudiciais à saúde (por exemplo, alimentares, tabagismo, etilismo, sedentarismo).



Tempo precioso

O Dia Mundial do Acidente Vascular Cerebral (AVC) foi celebrado no ultimo dia 29 de outubro, momento oportuno para aumentar a conscientização sobre a gravidade e o peso do problema por meio de uma melhor conscientização sobre os fatores de risco e os sinais de AVC. Em AVC, o tempo é precioso, minutos podem salvar vidas. É uma doença com alta letalidade (12% em 30 dias) sem contar as importantes sequelas e dependência dos acometidos pela doença.

 
Nesse sentido que o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de AVC focam em uma campanha emocional destacando o que pode ser salvo (memórias, movimento, fala, vida) se todas as pessoas conhecerem os sintomas e agirem rapidamente para socorrer a vítima. Muitos hospitais pelo Brasil – e em nossa cidade – carecem de um protocolo estruturado de atendimento de urgência, especialmente oportuno e de qualidade.


Outubro Rosa e a desigualdade

É verdade que, de todas as campanhas de conscientização, o “Outubro Rosa” seja provavelmente a mais conhecida no Brasil. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) para o triênio de 2023 a 2025 estimam 74 mil novos casos por ano de câncer de mama no Brasil.

 
Apesar das taxas de sobrevida após o câncer de mama terem melhorado em todo o mundo, muito relacionado à detecção e tratamento precoces, diversas desigualdades são vistas em muitos locais (países ricos ou pobres), classes sociais e até cor da pele.


Câncer de mama e vulnerabilidade

Pesquisa do Instituto Oncoguia mostra que 70% das pessoas que vivem nas favelas no Brasil relatam dificuldades para acessar ações preventivas e de diagnóstico do câncer, entre essas a enorme demora para consultas e exames no SUS.

 
A ausência de creches nas favelas e o fato de que muitos patrões não liberam seus empregados para fazer exames de rotina são exemplos de dificuldades relatadas. Luciana Holtz, presidente do Oncoguia, relata ter ficado impressionada com o dado de que quase metade das pessoas cuidariam melhor da saúde se pudessem ter, por ex. onde deixar os seus filhos.

 

Mitos e desinformação

Entre as barreiras para a prevenção e a investigação diagnóstica precoce do câncer de mama está a desinformação, presente em 62% das respostas da pesquisa. Segundo o Instituto Datafolha, mulheres negras da classe D e E mostraram conhecer menos sobre câncer de mama que as mulheres brancas.
Segundo o Instituto Oncoguia também persistem muitos mitos no tema. Na próxima coluna- ainda que estejamos em novembro – descreverei 8 mitos que precisam ser derrubados sobre o câncer de mama e que a pesquisa sugere.

 

Álcool e câncer

Na próxima coluna abordarei os dados apresentados no ultimo congresso europeu de oncologia e a necessidade de aumentar a consciência global sobre a relação direta entre o consumo de álcool e o risco de câncer.


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