Provavelmente você que lê esta coluna já teve algum familiar ou pessoa próxima que foi vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). No ano de 2020, dados do SIM – Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde – mostraram quase 100 mil mortes por AVC no Brasil, como comparação, no mesmo período, o infarto agudo do miocárdio teve cerca de 110 mil óbitos no mesmo ano.
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Até meados da década de 2010-2015 o AVC era a primeira causa de morte no nosso país, passou agora ao segundo lugar, mas as estimativas é que possa aumentar até 50% até 2050. Estima-se que, na população brasileira, a incidência seja de cerca de 300 mil novos casos/por ano, ou cerca de mil novos casos/dia, ou praticamente um caso de AVC a cada 2 minutos!
Vários fatores contribuem para a elevada carga do AVC em todo o mundo: hipertensão não diagnosticada e descontrolada, obesidade, diabetes, carência de serviços de saúde especializados, pouco ou nenhum investimento em prevenção e hábitos de vida prejudiciais à saúde (por exemplo, alimentares, tabagismo, etilismo, sedentarismo).
Tempo precioso
O Dia Mundial do Acidente Vascular Cerebral (AVC) foi celebrado no ultimo dia 29 de outubro, momento oportuno para aumentar a conscientização sobre a gravidade e o peso do problema por meio de uma melhor conscientização sobre os fatores de risco e os sinais de AVC. Em AVC, o tempo é precioso, minutos podem salvar vidas. É uma doença com alta letalidade (12% em 30 dias) sem contar as importantes sequelas e dependência dos acometidos pela doença.
Nesse sentido que o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de AVC focam em uma campanha emocional destacando o que pode ser salvo (memórias, movimento, fala, vida) se todas as pessoas conhecerem os sintomas e agirem rapidamente para socorrer a vítima. Muitos hospitais pelo Brasil – e em nossa cidade – carecem de um protocolo estruturado de atendimento de urgência, especialmente oportuno e de qualidade.
Outubro Rosa e a desigualdade
É verdade que, de todas as campanhas de conscientização, o “Outubro Rosa” seja provavelmente a mais conhecida no Brasil. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) para o triênio de 2023 a 2025 estimam 74 mil novos casos por ano de câncer de mama no Brasil.
Apesar das taxas de sobrevida após o câncer de mama terem melhorado em todo o mundo, muito relacionado à detecção e tratamento precoces, diversas desigualdades são vistas em muitos locais (países ricos ou pobres), classes sociais e até cor da pele.
Câncer de mama e vulnerabilidade
Pesquisa do Instituto Oncoguia mostra que 70% das pessoas que vivem nas favelas no Brasil relatam dificuldades para acessar ações preventivas e de diagnóstico do câncer, entre essas a enorme demora para consultas e exames no SUS.
A ausência de creches nas favelas e o fato de que muitos patrões não liberam seus empregados para fazer exames de rotina são exemplos de dificuldades relatadas. Luciana Holtz, presidente do Oncoguia, relata ter ficado impressionada com o dado de que quase metade das pessoas cuidariam melhor da saúde se pudessem ter, por ex. onde deixar os seus filhos.
Mitos e desinformação
Entre as barreiras para a prevenção e a investigação diagnóstica precoce do câncer de mama está a desinformação, presente em 62% das respostas da pesquisa. Segundo o Instituto Datafolha, mulheres negras da classe D e E mostraram conhecer menos sobre câncer de mama que as mulheres brancas.
Segundo o Instituto Oncoguia também persistem muitos mitos no tema. Na próxima coluna- ainda que estejamos em novembro – descreverei 8 mitos que precisam ser derrubados sobre o câncer de mama e que a pesquisa sugere.
Álcool e câncer
Na próxima coluna abordarei os dados apresentados no ultimo congresso europeu de oncologia e a necessidade de aumentar a consciência global sobre a relação direta entre o consumo de álcool e o risco de câncer.